Quatro Clichês Racistas em Narrativas

Para continuar a celebração da Semana da Consciência Negra, trago um conteúdo sobre clichês racistas que consumimos e deveríamos parar de reproduzir. São quatro pelo limite de espaço aqui. Se colocássemos todos, este conteúdo seria gigante.

Essa lista foi elaborada com duas fontes: 1. perguntei a meus amigos negros quais os clichês racistas que mais os incomodam; 2. e pesquisei no site TV Tropes. Esses clichês nem sempre são só sobre negros, mas também qualquer povo não-branco-europeu. 

Negros precisam justificar o seu sucesso

Um personagem branco bem sucedido simplesmente é. Não é de costume questionar como um homem branco chegou no auge da sua carreira. Se somos apresentados a um personagem rico e com várias conquistas profissionais, podemos simplesmente aceitá-lo assim, desde que seja branco.

Agora, e se o personagem ricaço for negro? Se o dono da mansão for negro? Se o CEO da companhia multinacional for negro? Daí sim. Tem que ter um flashback ou outro instrumento de roteiro explicando como ele chegou lá. O seu sucesso sempre precisa ser justificado.

Negros são mais fortes fisicamente

Negros são na maior parte das vezes representados como mais fortes fisicamente. Musculosos, audaciosos, corajosos. O que pode não parecer ser racista é pior do que parece. É uma idealização que brancos têm de negros, não há naturalidade.

Se for parar para pensar, talvez o motivo desse clichê seja o hábito de tratar negros como primitivos. Logo, essas características físicas seriam "naturais" de selvagens, atribuindo a eles todo o estereótipo pré-colonial. Não é uma afirmação que eu possa fazer sem embasamento, mas parece bem possível.

Humanos são brancos

Pense em filmes de ficção sobre viagens e exploração. Se for exploração espacial, esse clichê fica mais comum. Durante a história, os protagonistas encontram humanos/humanóides azuis, roxos, verdes, brancos-caucasianos e... no infinito universo com diversos seres humanos, apenas meia dúzia são negros.

Os poucos negros que aparecem dão a entender que é só para mostrar que "viu, nós sabemos que negros existem" ou "ah é, existem negros também, né?". E as outras etnias? Nem essas migalhas. Alguns asiáticos talvez, mas seguindo o clichê de super inteligência, disciplina, e/ou artes marciais místicas.

Obrigado, Sr. Branco!

Homem branco viaja com o seu povo para dominar, explorar ou apenas passear em algum lugar. Encontra-se um povo primitivo, que não é branco, é tribal e tem conexões místicas com a natureza. Índios, africanos até aliens (Avatar - James Cameron), todos genéricos. Eles são poderosos espiritualmente, mas incapazes de lutar sozinhos.

Esse homem branco se perde do seu grupo. Ele é encontrado pela filha do chefe da tribo e começa a aprender sobre a sua cultura. Há alguém apaixonado pela filha do chefe e trata o estrangeiro como rival. O homem branco domina as artes de guerra locais melhor do que os nativos, lidera a resistência, os leva à vitória de alguma forma e fica com a filha do chefe como prêmio. Obrigado, Sr. Branco! Sem ti, esse povo não é nada.

Como autores ou consumidores de literatura, cinema e outras narrativas, como podemos combater o racismo? Essa foi a pergunta que me trouxe a este post. Afinal, como branco, não tenho a experiência para falar pelo grupo. Porém, todos nós podemos falar como autores ou consumidores.

É difícil eliminar do nosso consumo toda narrativa com que não concordamos. Isso não significa que não podemos nos conscientizar de clichês racistas, eliminá-los da nossa própria produção cultural, ou apontá-los em histórias que consumimos quando for necessário. Não precisamos desses clichês para uma boa história. Precisamos de boas histórias sem esses clichês.

Hoje, de novo, abrirei para perguntas com ressalvas: sou autor e formado em Letras, mas não sou negro nem estudei tanto essa análise antirracista da literatura, logo tenho limitações no embasamento das minhas respostas. Porém, quero saber se tu já analisaste algum outro clichê racista que te incomoda. Deixe nos comentários!

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